31 de dezembro de 2011

Calma

Quero bailar no cosmos
Num fio equilibrar a alma
Para expressar em versos
O florescer da minha calma

Inexplicável

Misturarei algumas letras
Para criar um novo léxico
Palavras totalmente frescas
Para enganar o que é cético
Vou expressar o inexplicável
O que talvez tu em mim entendas
E que só para mim é lógico
Na natureza do que é em ti mutável

Certezas

Com cores inventadas
Vou tatuar na pele nua
Minhas certezas provisórias

27 de dezembro de 2011

Imprudente

Para mim importa viver o amor livremente
Deixar-me levar pelo que sinto
Soltar-me das amarras, navegar, flutuar
Sustentar-me até no que parece imprudente

Para mim importa viver o amor livremente
Ser fiel à minha alma e pelo que acredito lutar
Derrubar todos os muros, abrir todas as portas
Despir-me de meus medos e me mostrar transparente

Para mim importa viver o amor livremente
Ouvir o clamor intenso do coração
Rasgar os tratados e convenções
Mesmo estando dos meus limites consciente


Amanhã

Amanhã quando encontrar-te
Vou primeiro olhar-te profundamente
Depois de perder-me em tua misteriosa íris
Quero aproximar-me lentamente
Sem sentir sob os meus pés o chão
Vou dar a mão a ti pertencente
Para que a beijes em frente e verso
E, então, entregar-me ao longo abraço finalmente
Nesse terno amplexo procurarei teus lábios
E com paixão vou beijar-te longamente
No encontro voluptuoso de nossas línguas
Despertar sentidos e sentimentos intensamente

Declarações

Nunca esquecerei tuas declarações de amor
Aquelas sussuradas na paixão da hora
Que arrebatam pelo intenso calor
Entontecem-me as de hoje e as de outrora
Ressoam frescas e deixam meus sentidos em furor
Gosto quando me pedes para roubar-te sem demora
Quando roga da minha boca o sabor
E diz que em meus braços deixo-te à loucura
Abandonando por instantes o pudor
Descobrindo onde minha sede mora
Faz com que me entregue sem nada impor
Acreditando que o que importa é o agora
Mesmo quando misturas dúvidas e ardor
Fazendo do crepúsculo nossa aurora

Pintura: Atroshenko Paintings

25 de dezembro de 2011

Destempero

Quantas há em mim?
Conheço a santa e a profana
Vejo o vulto da divina e da vagabunda
Misturo o tosco vidro à porcelana
Ora sou rasa ora sou profunda
Um tanto bárbara outro romana
Experimento lucidez na barafunda
Nada governo e sou soberana
Sou aconchego, mas também a tunda
Viajo sozinha ou em caravana
E assim, na vida faço caminho
Ficando entre a tímida e a atrevida
Indo à guerra de bandeira branca
Devassando minha própria guarda
Provando distância e aproximação 
Mantendo na fé a raiz da dúvida
Buscando equilibrio na corda bamba
E nesse tempero me destempero

Seara

Mesmo gris pareço adolescente
Vejo-te ao longe e o coração dispara
Impossível a ti ficar indiferente
Meu imenso amor fica estampado na cara
Faz minha alma ficar florescente
E assim planto ternura em nossa seara

24 de dezembro de 2011

Areias

Há areias que conheci sem ti
Elas guardam pegadas da minha memória
Como se um dia já tivessemos caminhado ali
Escrevendo bela página da nossa história
Ilustrada pelo sol indo feito precioso rubi
E o vento fazendo nossa trilha sonora

Alegria

Desse jeito teu me envolves
Ora noite ora dia
Com teu ir e vir me confundes
Misturas langor com energia
Com tua inteligência me remexes
Traz para mim o rever da teoria
Com tua abertura me comoves
Deixa longe qualquer covardia
Com teu sorriso me acendes
Afasta de mim a arrelia
Com tua voz me enterneces
Faz meu mundo ser só de alegria

23 de dezembro de 2011

Febre

Tenho a sede típica dos febris
Boca seca de teu beijo
Pele ávida de tuas mãos gentis
Calor intenso do desejo
Como o das paixões juvenis
 Num instante perco o eixo
Mas, me aprumo nos teus olhos sutis
E confiante no bom desfecho
Entrego-te todos meus ardis

22 de dezembro de 2011

Juramento

Flagro no espelho contentamento
Um riso quase bobo revela encantamento
Nascido do nosso viver em renascimento
Por deixar a distância em distanciamento
E dar ao que em nós reside acolhimento
Fazendo do calor do desejo nosso alimento
Do plural de nossas línguas todo argumento
Que justifica meu ingênuo juramento

Expansão

Quero sempre na tua emoção residir
Fazer teu peito descompassado expandir
O vírus do desejo eterno contrair
E de tua vida nunca mais sair


Quero sempre poder te fazer rir
Com o amor no olhar toda dor suprimir
Ouvir e sentir tudo o queiras exprimir
E no teu coração me ver refletir


Lava

Aquilo que contido estava
Veio devagar rasgando as comportas
Libertando a alma escrava
Que feliz destrancou as portas
E do vulcão liberou a lava
Que escorreu quente pelas costas
Derretendo a última trava
Que permito traduzir nessas letras

21 de dezembro de 2011

Confirmação

No meio da noite vou roubar-te da rotina
Para que não sintas medo vou pegar-te pela mão
Conduzir-te nos caminhos da nossa feliz sina
Mostrar-te com ousadia toda minha motivação
Oferecer-te todo o ouro da minha mina
E com verdade fazer ruir a contenção
Para vislumbrar contigo o que há depois da neblina
Sem esquecer que nossa marca é a inquietação
Nem pensar se é cedo ou tarde vamos subir a colina
Lá do alto contemplar o amor em sua confirmação


20 de dezembro de 2011

Noite infinda

Tens invadido meus sonhos
Vem com autoridade de quem sabe onde pisa
Tira-me para uma última dança
Mas, ressurge como se fosse o início do baile
Assim, como se tivesse acabado de chegar no salão
E eu, quase indefesa deixo-me levar por tuas mãos decididas
Totalmente seduzida pelo sorriso equilibrista
Fecho os olhos na vã tentativa da noite não findar 



Moleca

Minha alma decolou
Dança em círculos
Flutua acima de mim
Assiste meu atonito bailar
Dirige meus passos errantes
Gira em mim feito moleca
Para voltar e permanecer liberta

Demais

Talvez seja eu demais
Compreensão em exagero
Até mesmo dos pequenos sinais
Talvez falte um tempero
Que ressalte algo mais
Que balance teu vespero
Cubra de ondas o meu cais
Leve para longe o que é austero
Para libertar-me dos estais
E partir sem rumo nesse mar sincero


19 de dezembro de 2011

Premente

Não sei ao certo o que me entristece
Se é a ausência do desejo
Ou a permanência do inconstante
Se é a palavra de ensejo
Ou a memória resistente
Se é vida sem lampejo
Ou a certeza do que impermanente

Não sei ao certo o que me entristece
Se é o que em mim entranha
Ou o que na superficie é evidente
Se é deixar-me ir à sanha
Ou me render ao que é premente
Se é aceitar qualquer barganha
E ficar de mim ausente

Furacão

Perto do teu tsumani, sou marola
Diante da tua tempestade, sou garoa
E quando minha brisa voa
Teu furacão em mim ressoa



Pueril

Ando por aí evaporando poesia
Respiro um ar de pura nostalgia
Caminho sobre as pedras pontiagudas da ironia
A rua do meu destino vou calçando com autonomia
Para não embarcar no que parece melancolia
E permitir-me a paz mesmo que tardia
Sem me importar se no fundo pueril pareceria
Pois, escrever me faz abandonar a agonia

18 de dezembro de 2011

Apnéia

Mergulho em apnéia nas lucubrações
Sigo o fluxo das interrogações que me são típicas
Coloco as ousadias guardadas entre as indagações
Nos condicionantes “se” repouso as possibilidades
Quase sem ar, peso sem medida as devidas proporções
Para transformar em sonho as cruas realidades
Compreender o vulto das tuas estranhas convicções
Viver em mim o complexo amor em todas densidades
Mesmo que saiba de todas as contra-indicações
Afogo-me no revolto mar das ansiedades
Para nascer de novo na orla das divagações

13 de dezembro de 2011

Tristuras

Não haveria eu de dar-te escolhas
Pois, já são inteiras tuas
Até mesmo o que não sabes
E te põe em desventuras
Representa muitas chaves
Para encontrares todas curas
Dissolver quaisquer entraves
Para livrar-te das tristuras




Rasante

Há em mim uma estranha sensação
Sinto que num insensato impulso
Arranquei uma das asas com sofreguidão
Rodopiei no ar num vôo convulso 
E nesse parafuso busquei a compreensão
Para esclarecer o fim do que ainda é inconcluso
Dar clareza ao que em mim é grande confusão
Reconhecer no ar os rastros do meu percurso
E num rasante recuperar o prumo da minha emoção

11 de dezembro de 2011

Corrente

O que posso eu dizer-te?
Há uma grande confusão em mim
E no frágil equilíbrio de meu caos
Quero prender-te, mas quero-te livre
No desatino do meu desapego
Perco-me nos elos de tua corrente

Missão

Vim ao mundo a algum cargo
Busco sempre qual sentido
Mesmo que venha algum embargo
Nada dou como perdido
Até para o que se apresenta amargo
E faz meu peito ficar premido
Vou anternando certo e errado
Sem deixar meu eu ficar rendido
Desacredito do que me dizem ser pecado
Para acalmar o que em mim é alarido
Tento tirar tudo o que me é pesado
Para que o que traz paz seja nutrido
Não aceito o que a mim foi negado
Para que tudo em mim seja fundido
O tempo jamais fique parado
E em mim o amor seja sempre provido



Tango

Dançaria contigo um tango
Daqueles bem dramáticos
Olharia-te nos profundos e negros olhos
Contaria-te sem palavras que rasgo-me por ti
Desde o dia infinito em que te conheci
E rodopiando entregaria-me à sorte
Faria do momento um recorte
Uma fração de segundo de deleite
Gravada em meu peito como enfeite



Pintura: Leonid Afremov


Delta


No nublado dos meus olhos
Transforma-te em tempestade
Enches o meu profundo e árido leito
Faz-se o rio que busca o teu delta
Navego em voltas e abeiro a ti
Mas, a ancora não lanço
Não quero nada que prenda
Pois, amor cativo encurta
E o meu quero que só cresça
Zarpo, então, de volta ao vento
Só para te ver distante e perto

Pintura: Pierre Auguste Renoir

Vagueio

Entre o desejo da solidão
E o anseio da alma em conexão
Transito

Entre entregar-me à mansidão
E lançar-me às lavas do vulcão
Hesito

Entre deixar-me esvair pelo vão
E conter toda a minha legião
Vacilo

Entre fingir que não vejo o furacão
E deixar-te em suspensão
Volito

Entre deixar a alma em opressão
E arriscar-me à exaustão
Avanço

Entre fingir que nada sinto
E e deixar-me levar pelo instinto
 Vagueio



9 de dezembro de 2011

Provocações

Sim, faço-te provocações
Busco pelas frestas atingir-te bem no imo
Miro a flecha no teu alvo
Para meu centro encontrar
Lanço o dardo da incerteza
Para em dúvidas me alimentar
Pois eu quero os dias livres
Para poder te adivinhar

Paciência

Eu não escondo o que sinto
Transbordo em viva transparência
Mostro-te os caminhos do meu labirinto
Escancaro-me toda quase sem prudência
Pois, em mim o amor jamais será extinto
Mesmo que me acuses de inocência
Estarei amiúde seguindo meu instinto
E se em mim há uma virtude, essa e a paciência


Papiro

Vejo-te como se estivesses no canto da página
Apareces mesmo quando tentas te ocultar
Percebo-te a perceber-me no vagar dos dias
No sutil movimento em busca do equilíbrio
No crepitar das chamas da paz turbulenta
Na mistura ácida da solidão com o desejo
E no antigo papiro dos reencontros  
Rabisco com tua pena a tradução do meu apego




8 de dezembro de 2011

Não

Não és o ar que eu respiro
Mas, o cheiro que me entorpece
Não és a razão da minha vida
Mas, a emoção que me enternece
Não és o remédio que me cura
Mas, a droga que me endoidece
Não és o pão que me alimenta
Mas, o grão que me fortalece
Não és chão por onde piso
Mas, o caminho que me reconhece
Não és meu antigo e ingênuo sonho
Mas, a realidade que me estremesse
Não és a luz que me ilumina
Mas, a dúvida me esclarece

Domínios

Aos poucos te entranhaste em mim
Começaste com palavras em disfarce
Avançaste vagarosa e displicentemente
Abriste tuas asas, voaste a meu redor
E como se nada quisesse
Foste conquistando meus domínios
E eu, misturando cautela e arrojo
Permito-te alastrar fronteiras
Arrancando minhas cercas
Acercando-me de ti
Deixo tua bandeira no topo do meu ser

 

2 de dezembro de 2011

Cárcere

Observo-te de soslaio
Mas, deixo-te me ver
Faço de conta que me escondo
Porém, a teu alcance sempre estou
Coloco-me à espreita
Para que pegues-me em flagrante
E pelo delito de amar-te
Encarcere-me em ti para sempre



Samba ingênuo

Por ti até um samba eu faria
Um ziriguidum sem ritmo
Mas cheio de euforia
Daqueles de fazer perder o tino
Capaz de te encher de alegria
Que poderia até ser cantado como hino
Ingênua homenagem que a ti faria

Refletida

Eu quero te beijar
Não, eu não quero te beijar
Quero mesmo é me perder em teu olhar
Ver-me refletida onde tua alma se mostra
Ver-te refletindo o tudo o que tenho para dar
E só depois desse espelhar que irei tua boca encontrar


30 de novembro de 2011

Pulsação

Quando ensaias com cuidado a expansão
Chega ligeira e alerta a contração
E nesse bater descompassado do teu coração
Causas em mim sempre forte pulsação
Com olhos cerrados vejo a aparição
Em deleite me entrego sem impor condição
Permitindo a meu vulção a errupção
Que te fará sentir toda minha vibração



Palavras inéditas

 Vasculho os cantos em busca de palavras inéditas
As que conheço já não dão conta de expressar meu íntimo
Procuro-as minuciosamente por onde passo
Esquadrinho os mapas de minhas vastas memórias
Para ver se encontro alguma que despercebida ficou
Aquelas que me pegaram desprevinida e ao largo passaram
Entrego-me inteira a qualquer vestígio, qualquer pista
Investigo a olho nú e com minúcia para encontrá-las
Não precisam se encaixar perfeitamente
Quero aquelas que podem render-se à métrica das minhas emoções
Quero apenas as capazes de revelar-me renovada a ti


29 de novembro de 2011

Mergulho

Ah! Se eu evaporasse e me misturasse às nuvens
E num forte temporal inundasse teus domínios?
Ah! Se eu em brasa ficasse e em chama me transformasse
E num incêndio encantado tua floresta queimasse?
Ah! Se eu em grãos me convertesse e me jogasse ao chão
E no teu solo fértil, regada de amor, germinasse?
Ah! Se eu me picasse e em pequenas partes me guardasse
E numa brisa leve em teu jardim florido pousasse?
Ah! Se eu em concha me fechasse e um grão de areia me ferisse
E em tuas mãos acolhedoras em pérola me revelasse?
Ah! Se eu em ar me transfigurasse e de vento me disfarçasse
E num forte vendaval para longe do mal te levasse?
Ah! Se eu em água me transmutasse e aos rios me juntasse
E numa brava corredeira a tua alma lavasse 
Ah! Se eu um pássaro virasse e para muito alto voasse
E num mergulho insano simplesmente a ti me entregasse?

Pecado

Pecado é deixar apodrecer a fruta
Pecado é não colher o amor que se oferece
Pecado é contrair quando a vida pede expansão
Pecado é reter o que sente para viver o que se pensa
Pecado é deixar de ser o que se é
Deixar de viver o que se quer
Enrijecer o que é fluido
Desperdiçar o tempo justo
Esperar que o amor se vá com o vento
E acreditar que isso é possível


A girar

Flutuo sobre um tapete de algodão
Do horizonte azul vêm as notas de uma canção
As cordas e sopros penetram-me as vísceras
À frente um vasto lago de ar se oferece ao mergulho
Mas, prefiro fechar os olhos e dançar em rodopios
Carregando-te em meus braços fluídos
Girando-te para que vejas outros mundos
Olhando-te para saber-te em mim


27 de novembro de 2011

Pegadas

Na densa floresta onde abri minhas picadas
Volto vez ou outra para revisitar cada passo dado
Certificar-me de que não são fantasias por mim criadas
Abastecer-me de memórias cheias de significado
Reconhecer os atalhos que se reveleram ciladas
Descansar na clareira com o espírito desanuviado
Preparar corpo e alma para deixar novas pegadas

22 de novembro de 2011

Neblina

Minha alma ventila quando contigo troco
Como brisa mansa ou como forte vendaval
Sorrateira e sabiamente desarrumas as certezas
No aparente desconexo a clareza se apresenta
Sinto-me só e acompanhada na inquietude do silêncio
E dos ruídos que me enchem crio a música do vento
Que percorre a neblina para abrir caminho dentro
Com olhos turvos e atentos dou nitidez a meus sentidos
E revelo escancarando uma porção do meu intento

Cabeceira

Leio-te e releio-te incontáveis vezes
Incansável ponho-me a folhear-te
Aliso as páginas para sentir-te em palavras
Captar a mensagem sutil de tuas entrelinhas 
Ver com os olhos da minha alma o que arde na tua
Leio-te sempre com avidez e deleite
Mas, também com temor e suspense
És para mim como o livro que se destaca na estante
E de lá sai para viver para sempre à cabeceira
Para que eu possa todas as noites descobrir detalhes
Mergulhar em tuas histórias, desvendar algum mistério
A cada leitura minha conhecer novas facetas
Imaginar novas possibilidades
E, quem sabe, com meu olhar ajudar-te a compreender-te



Sim

A ti sempre digo sim
Mesmo quando não apareço
E estendo-te a mão em aceite no teu jardim
Meu sim a ti arremeço

A ti sempre digo sim
Mesmo quando surge o insentato não
E explodo mesmo sem estopim
Meu sim a ti é expressão

A ti sempre digo sim
Mesmo quando arrasa-me teu intenso temporal
E sem vestes chego a pensar no fim
Meu sim a ti é integral

A ti sempre digo sim
Mesmo quando desvia-me os olhos ávidos
E deixa-me na boca gosto ruim
Meus sim a ti são sempre grávidos

A ti sempre direi sim
Mesmo se insistires em o amor negar
E pensares que poderei de ti desistir enfim 
Meu sim será a marca de meu olhar

20 de novembro de 2011

Aprendendo a voar

Levas-me para bem longe daqui
Voas comigo para acima das nuvens
Deixas-me ver o teu céu bem pertinho
Mostras-me um tanto das tuas fraquezas
Mesmo em segredo admitas tuas forças
E na contradição de tuas veias
Misture teu sangue a uma gota do meu
E do alto me largues pois voar já saberei




Indelével

Com a veemência da tua existência
Deixas indelével marca em meu destino
Com a doce acidez da tua influência
Cravas em minha carne o teu dom ferino
Com a brisa suave da tua eloqüência
Falas bem alto direto ao meu tino
Com tuas resolutas e breves palavras
Cunhas uma efígie em minhas memórias
Com a infinita ilusão de tua calma
Transborda-te em mim feito mar em ressaca

Armadura de renda

Talvez eu simplesmente nada entenda
Intercalo a escuridão e o que a mente clareia
Hesito em tirar dos meus olhos a venda
Vou tateando tuas bordas para alcançar a candeia
Tento acender a chama para iluminar a fenda
E ver com mais clareza onde erguerei meu castelo de areia
Que bravamente guardarei vestindo armadura de renda

19 de novembro de 2011

Matheus


Com moedas banhadas em meu sal
Pago-te todos os impostos
Junto tudo para ter o integral
Quitar débitos pressupostos
E depois, pedra a pedra, erguer nossa catedral
Lugar bendito que não abrigará antigos desgostos
Para com o que parecem cacos montar um lindo vitral
E, assim, contar a história de todos os nossos encontros