21 de abril de 2011

Registros

Pouco importa a dor no meu peito
o que vale mesmo é ter um coração pulsante
que nunca desiste e enfrenta os desacertos
quero sempre a pele que cobre meu corpo em arrepio
meus olhos mesmo molhados a ver cores no cinza
meu o tato pleno da memória do teu toque
meu lábio guardando a maciez expressa do teu
na retina o registro de tua tímida chegada
na alma teu eterno abraço impresso
Pouco importa a dor no meu peito
pois tenho a vida a me chacoalhar
pois tenho a vida a me acalentar

20 de abril de 2011

Inconsequente

Vibra alegre e inconsequente meu coração
misturo no mesmo segundo lucidez e loucura
penso que penso, mas apenas sinto
deixo a enorme emoção domesticar a razão
e de anestesia tenho a sensação
E assim, meu corpo em formigamento deixa
a pele beber do teu toque
a boca abrir lenta e receber teu beijo
as mãos deslizarem bobas, sem medos
meus olhos fecharem para verem tua alma
e agora, minha a alma de fome não morre mais.
 

18 de abril de 2011

Novelo

Às vezes, meu coração enlouquece
Mistura letras, sons, gestos
se enrosca todo no novelo da insensatez
na busca por um pouco de lucidez
bate acelerado, descompassado, sem noção do tempo

Às vezes, meu coração apertado amanhece
Fica assim de ti meio ausente
E da falta de sinais, tadinho, se recente
Fica, então, com olhares molhando os ventos
tentando entender sentimentos

Às vezes, meu coração emudece
Fica assim quietinho, caladinho
Sem saber que palavras usar
Procurando sinais para ilustrar
o tanto que é capaz de te amar

17 de abril de 2011

Acordar

Queria não mais acordar
Viver as emoções que sonho
Ver-te e tocar-te eternamente
Viver sem perder tempo
Amar-te sem susto

Queria não mais acordar
Entregar-me inteira para o que sonho
e deixar nessa vida o amor despertar
Nada temer expor
Tudo viver em ti

Queria não mais acordar
Mergulhar no puro sentimento
acolher-te em minha alma
Deitar no teu colo e olhos fechados
ninar meu coração cansado
 

16 de abril de 2011

Simples e intensamente

Eu simplesmente amo ver tua mão adornada
Esticar os olhos e de relance ver o infinito
Eu simplemente amo olhar-te profundamente
Cruzar o espaço povoado e ninguem mais ver
Eu simplesmente amo ficar a menos de um palmo
Tocar teu rosto franco leve e furtivamente
Eu simplesmente amo teu sorriso sem jeito
Entrar nesse quadro em movimento que é tua presença
Eu simplesmente amo ler em teu olhar a vontade que sentes
Mergulhar na fantasia de um amor possível
Eu simplesmente amo ver-te ao meu lado
Ficar absorta sem nada mais importar
Eu simplesmente amo respirar o ar que expiras
Preencher meu peito do eter teu
Eu simplesmente te amo
Assim, simples e intensamente


12 de abril de 2011

Bendita Graça

Antes de ti algo em mim jazia trancafiado
Trouxeste as chaves do portal das palavras
Libertaste-as do calabouço de minha alma
Liberaste as passagens secretas
Acendeste as tochas da inquietação
Descerraste as pesadas portas da contração
Doaste a mim vida em expansão 
Agora minhas palavras postam-se oferecidas
Passeiam atrevidas de encontro a teus sentidos
Dançam valsas sorrindo timidamente
Fazem charme em rodopios insinuantes
Libertas vivem para exaltar
a bendita graça que é te amar 

Frágil

Quero minha alma suave
Flanar na existência
Quero não ter certezas
beber na fonte da paz
Quero ouvir tua música
deitar na ilusão que me apraz
Quero vestir o teu hábito
cobrir o meu corpo de amor
Vou permitir-me ser frágil
deixar-te colorir meu mundo
lentamente

Desatar

Se possível fosse desataria-me de mim
Livraria-me de tudo o que ferve em minha alma
Abandonaria o que oprime meu peito
Ensacaria o tormento e o desalento
Recolheria as dúvidas e todas as certezas
Lançaria-me de peito aberto ao que desconheço
Deixaria para trás a breve nostalgia
Esse frisson estranho que ocupa minhas horas
Se pudesse, para longe de mim, nua, correria
E nem a própria sombra levaria
 

Sopro

Quando meu nome sussurras
Sinto tua alma soprando o amor que sentes por mim
Quando teus olhos me cercam
Sinto minha alma esvoaçando para ti
Quando tuas mãos me tocam
Sinto a minha pele derretendo de paixão
Quando teus lábios me beijam
Percebo que nada mais precisaria existir


6 de abril de 2011

Sagrada

Passeias solenemente em meus pensamentos
Caminhas com a certeza de são todos teus
Ocupas os espaços feito água esparramada
Vais pelo centro e pela beirada
Circulas de cabeça altiva quase exagerada
Mergulhas nas profundas das minhas dúvidas
Emerge na clareza de minhas certezas 
Andas pelas alamedas floridas dos meus sonhos
Dominas as esquinas de minha mente
e as batidas fortes do meu coração envolvido
Refestela-te em mim, pois sou inteira tua
Profana no corpo que te deseja
Sagrada na alma que te adora

5 de abril de 2011

Confiança

Quero com meu calor
Derreter tuas emoções ainda congeladas
Com minhas mãos, oferecer afeto
Com minha pele, arrepiar a tua
Com minha boca dizer o que necessitas
Quero com meu amor
Aquecer teu coração cansado
Com minhas asas fortes
Levar-te ao topo da montanha
Deixar-te perto do sol
Assim, revelar-te a confiança 
  E feliz, assistir teu vôo.


Elixir

És meu elixir
Bebo-te aos goles
Saboreio
Meus males se vão
ao ver teu sorriso
Tomo-te às colheradas
Sorvo gota a gota
o liquido mágico da tua presença
Cessam as dores todas
quando toco teu rosto
curo-me inteira
quando sinto teu gosto 

Lentas horas

Vivo em mim as letras que bailam
suaves circulam em torno da alma 
envolvidas pela música que emana de teu ser
Tu sabes os passos que me fazem flanar
Viver amor em palavras
para dar contas das lentas horas
enquanto espero encontrar
tuas mãos que a mim vão levar
 pelas trilhas da vida a caminhar