27 de agosto de 2011

Caótica

Sou feita de certezas e dúvidas
Sou a confusão que vem da ordem
E a ordem que faz o caos
Sou coração envolto em razão
E, também, razão que se perde em emoção
Sou a doçura produzida no que é acre
Delicadeza que descobriu a rudeza
A aspereza que cria o que é liso
Sou a flor que, teimosa, brotou no seco
Mas, sou a chuva que a alimenta
Nas águas fortes que abrem caminhos
Sou o que sou e o que não sou
Sou o que fui e o que serei
Sou a inconveniência da coragem diante do medo

25 de agosto de 2011

Semente

A semente que dormia
No encanto despertou
De broto virou muda
Que cuidada com carinho
Muda até que chegue a flor
Na primavera desta vida
Mesmo que fiques muda
Calas fundo em meu jardim

Ondas

Sinto que me ama em ondas
Ora és marola que me envolve em calma
Ora és revolta, forte e me chacoalha a alma
Ora és suave, leve e me deixa em nuvens
Ora és tsunami intenso e me devora inteira
Em qualquer condição fico nas areias do teu mar
Sempre pronta para sobre tuas águas dançar

24 de agosto de 2011

Percorrer-te

Deixa-me, devagar, percorrer-te
Na tua nuca deixar pousar meus entreabertos lábios
Nas tuas costas planar suavemente as mãos
Para sem recato, virar-te e abocanhar teu ventre
Da-me teus ombros nus num balançar premente
Recebe minha boca e meu olhar profundo
Encosta tudo o que é teu em meu corpo quente


22 de agosto de 2011

Pacto

Tenho contigo um pacto poético
O reencontro nas palavras
A sedução em verso e prosa
Viajamos em nossos contos
Nas histórias descobrimos
Partes do todo que nós somos
E com verdades e ilusões
Escrevemos um romance
Muitas páginas e capítulos
Relatando a nosso enlace

Pintura: Rodrigues Coelho 

21 de agosto de 2011

Paisagem

Aperta forte a minha mão
Para dizer sem palavras que me ama
Mergulha sem medo em meu olhar
Para sentir toda a força dessa chama
Deixa a paisagem desfilar
Enquanto desfio nossa trama
Dou-te raiz e cores para plantar
Perto de teus olhos na verde grama




18 de agosto de 2011

Amor abreviado

Eu não te amo abreviado
Eu te amo inteira
Pele, pelo, poros
Corpo, alma e espírito
Mas, eu te amo abreviado
pois, o tempo insensato faz esse corpo mortal.
Então, à alma sapiente cabe aguardar
tempos breves e capazes de tecer a teia do amor eterno


7 de agosto de 2011

Passional

Amo-te desde às entranhas
Da pele dou-te o arrepio
Da boca minha saliva
Dos olhos meu sal em gotas
Das mãos o atrevimento
Dos braços o enlaçamento
Das pernas o meu caminho
Da mente meus pensamentos
Do peito meus batimentos
Da alma compreensão


Inebriada

Vislumbrei teu sorriso imenso
De alegria derreti inteira
Inspirei teu perfume intenso
Inebriada desfaleci à tua beira
Por teu calor perdi o senso
Embriagada subi tua ladeira
Tocar-te deixou meu respirar suspenso



5 de agosto de 2011

Trilhas

Na tua busca por felicidade
Cruzei teu caminho já de pegadas tão cheio
Com marcas profundas na vida confusa
Abristes tuas trilhas e adentraste em todas
Encostraste dores e amores
E também vislumbres de paz
Silente acompanho-te de perto  
Caminho de volta não se faz

 


Rogativa

Não, não quero fazer-te feliz
Quero mais é saber-te feliz
Do teu lado espreitar teu olhar
Ver o brilho que insisto tanto em rogar

Reticências

Eu te alimento com minha poesia
Dou-te palavras com a ponta da língua
Declamo em sussuro para ver teu sorriso
Verto minha alma em letras e cantos
Molho a pauta com sal de amor
Pontuo com vírgula, pauso, respiro
Deslizo a pena sem pena de mim
Escrevo esperando-te nas reticências


4 de agosto de 2011

Rarefeita

Sinto como se o ar faltasse
Como se algo vital evaporasse
Como se o ponteiro do relógio não girasse
Como se nada sem ti em meus dias valesse
Como se algo em meu peito urrasse
Como a seta o alvo errasse
Como se a bailarina não bailasse
Como se em plena curva eu não virasse
Como se uma vida inteira a nós não bastasse



2 de agosto de 2011

Envolta

Envolta nas sedas da alma
Deixo suar todos os males
Viajo em busca de calma
Dispo-me dos rotos trajes



Padrão

Desejos não combinam com medos
Atiro-me de cabeça no penhasco da paixão
Flutuo feito pena colorida ao sabor dos ventos
Nego-me a fazer do receio minha maior prisão
Piso firme acreditando sempre alentos
Da coragem quase cega fiz o meu padrão