31 de maio de 2015

Tudo

De ti não espero nada
Espero-te, apenas
Inteira te espero
Pois, de ti não espero nada
Porque nada é nada
E de ti eu quero tudo


Pintura: Ilisa Millermoon

O ciúme de Vênus ou Infidelidade III

Dei uma enquadrada em Vênus
Onde já se viu se exibir assim 
Basta ver a lua encheiando se faz puro brilho
Pode brilhar à vontade que a gente gosta 
Mas, carece de ciumeira não, Dona Dalva 
Aqui embaixo é tudo poliamorista 
A gente gosta de ti, da lua, do sol 
Até em outras estrelas a gente se perde 
A gente tem os pés aqui na terra 
Mas, vive mesmo é avoando


Foto: Paula Versiani Borges

30 de maio de 2015

Concreta poesia

Onde moro tem de um tudo
Tem barulho de prédio se erguendo
Ouço os estalos de suas vértebras 
Vejo a sombra nas casas que ficam
Aqui tem buzina, freada, batida
Tem bicicletas, carros e pés
Gente andando de todo jeito
Tem madames e peões de obra
Tem cachorro chique e menino pobre
Tem grito espremido em suspiro
Tem tudo isso e tem ipês floridos
Tem túnel de flor para toda gente
Tem chão de tapete cor de [ipê] rosa
Tem poesia para quem quiser ler
Poesia concreta
Concreta poesia



27 de maio de 2015

Tropeçando em amor

Eu ando assim, tropeçando em amor
Trocando pesos e pedras por poesia
Embolsando doçura e mergulhando em flor
Vivendo em você todos os dias



25 de maio de 2015

Curvas, ladeiras, escarpas

Ah, tu bem sabes como são as paixões
Como inquietas e desvairadas elas são
Gostam de curvas, ladeiras, escarpas 
Adoram labirintos e certa confusão
De caminho reto não gostam não
Se alimentam de apertos no coração
São mesmo afeitas a certa aflição


Pintura: Vladimir Kush

Tempo teu

Toma meu tempo para ti
Toma que ele a ti pertence
Mesmo se por aí o divido ele é todo teu 
Tens a mim em segundos seguidos


Pintura: Yulia Litvinova

13 de maio de 2015

O que seria?

O teu amor é generoso e delicado 
Um dia falaste assim para mim 
Daí, eu me pergunto 
E indago a ti também
Se assim não fosse, amor seria?


Pintura: Arthur Zakarian