30 de junho de 2015

Paralelo

Tem momento que entre nós se faz paralelo
É como se tu fosses noite e eu dia
Como se tu fosses brisa e eu ventania
O contrário dizer também poderia
É, tem vezes que é assim
Ficamos entre o sonho e a exatidão
Enquanto tu te faz literal e eu toda sou poesia
N'outras tu és visceral e eu quase normal (será?)


Pintura: Daniel Gale


26 de junho de 2015

Valia

Deixe de lado qualquer prurido
Simplesmente não se preocupe
Afinal, há tempos me capturou 
Há incontáveis tempos me conquistou
Então, sem receios me amarre
Enclausure-me em ti todo dia
Porque ser livre sem você não tem valia



Constituição

Um pouco rocha
Um pouco água
Um pouco palha
Um tanto fogo


Pintura: Alireza Jahani

24 de junho de 2015

Mistura

Contigo a vida é mistura
Tem clareza, tem mistério
Proximidade e lonjura
Porralouquice e critério
Em meu cotidiano, tu és aventura


Pintura: Callie Fink

21 de junho de 2015

Metalinguística

Tive um sonho metalinguístico
Nele sonhava contigo
Na verdade, sonhava que sonhava
E no sonho do sonho, sonhava
E nem percebia que acordada estava



12 de junho de 2015

Colorido

Eu me fiz pequenina para caber em em tuas mãos
E em tuas mãos cabendo, ir contigo a todo canto
E indo a  todo canto, deixar o mundo colorido


Imagem: intervenção na pintura de Ine

11 de junho de 2015

Jeans

Botei roupa nova no já conhecido
Sem frufrus, sem babados
Vesti um jeans já meio rasgado
Novo, mas com história
Novo para mim, é claro
Ele já sairia andando, mas não
Reconheceu minhas vontades, sentou
Meu movimento, silente, esperou
E eu, nem me dei conta do bolso furado
Coloquei lá o que supunha indispensável
E pelo caminho ficou
Nem a chuva forte me parou


Pintura: Warren Keating

8 de junho de 2015

Ritual

Todo dia eu me repito
Justo eu que adoro me renovar
Mas, isso em nada me aborrece
A ti, digo, redigo, reitero
Falo até das palavras
Falo além das palavras
É, quase, ritualístico
Recebo-te e em sorriso me curvo


Pintura: Lora D'Agnillo 

6 de junho de 2015

Vento

Tu pareces até que é vento
Tremo toda no teu abraço
 Arrepio inteira no colo teu
É ventania que vem de dentro
Toda vez que a vida tem tu e eu



1 de junho de 2015

Inacabável

Pouso o olhos no que há tempos escrevi
Sinto como se tivesse acabado de repousar a pena
Há em mim algo que muda sem mudar
Um sentir imenso que nada faz acabar