29 de janeiro de 2012

Luzes

Contes mais um pouco de ti
Fales do que se revela obscuro
Murmures sobre o que ilumina teus dias
 Digas o que te fomenta os sonhos
Misture tuas coragens e medos
E confies tudo a mim
Quero acomodar-te em teu breu
E iluminar o que te pareces escuro



27 de janeiro de 2012

Papel

Não te idealizo 
Vejo-te à luz e à sombra
E assim meu amor realizo 
Transito no lapso
Esse espaço vazio e ocupado
De um lado a monotonia
Do outro a tranquilidade tardia
No meio o porvir não pensado
Não, não te idealizo
Degusto-te sem sal, sem tempero
Mas, sinto teu gosto sincero
Um tanto de doce, outro de acre
Ouço o que dizes até no silêncio
E te entendo em tua Babel
Pois, em ti não me acomodo 
Aconchego-me é bem verdade
Às vezes, é só esse o meu papel


Pintura: A Metamorfose de Narciso - Salvador Dali

26 de janeiro de 2012

Embriagada

Serviste-me uma dose de paz
O aconchego do abraço
O calor intenso do beijo
O olhar molhado e gentil
A palavra soprada em mim
A mão que encontrou meu rosto
O amor que se fez no corpo
O sono com uma entrega
A confiança nas confidências
O ouvir de quem tem coragem
O amor que cantou na volta
Serviste-me uma dose de paz
Sorvo e desejo mais


24 de janeiro de 2012

Brisa

Senti uma lufada da tua presença
Fugaz e deliciosa
Bem como acontece com as brisas
Aquelas que refrescam os dias quentes
Que acariciam a pele ávida
Que acalentam a alma
Despertam os mais profundos desejos
E amainam a saudade urgente


23 de janeiro de 2012

Insana

Se eu fosse mais insana
gritaria a plenos pulmões que você me ama
Mas, como sou contida 
Vou sussurrar somente que minh´alma te chama


Dodói


Onde estás?
Sei que estás aqui
Que estás comigo
Com pensar presente
E sentir inteiro
Mas, onde estás?
Com teu corpo ligeiro
Teu desejo premente
Com o embriagar do teu cheiro
Com teu beijo quente
Ah! esse relógio e seu lento ponteiro
De esperar me deixa doente


Grito

Existe um tempo em que o silêncio sentencia: 
Não sou o oposto do som
Sou todo o sentimento que se cala em seu âmago 
Por faltar-lhe palavras para traduzi-lo.
 Sou emoção talhada na rocha
Sorriso perene na dor
Cântico sussurrado às estrelas
 Estrada com curvas, olhar que trilha o caminho
Boca que seca na chuva. 
Sou tambor na montanha desabitada
Cores pinceladas no rio
 Cândido, doce, relva e orvalho
Eu sou para o jogador o baralho que na mudança se perdeu.
 Fraco, doce, amargo e no ponto. 
Sou o que as mentes desatentas jamais ouvirão. 
Pois sou feito o fogo, acendo, ardo e queimo e morro
Vividamente nos corações que silenciosamente gritam de saudade.

(Poesia de Lidiah Assis que pela beleza tamanha
fez-me pedir licença para aqui publicar)

Pintura: Elisabetta Trevisan

22 de janeiro de 2012

Pura Arte

De repente deparei-me com teu sorriso
Essa pintura valiosa que enfeita minhas fantasias
Essa música que preenche o que antes era silêncio
Esse poema ilustrado que enternece os meus dias
Essa escultura em carne e osso que me dá palpitação
A perfeita fotografia captada por meus olhos
O cinema premiado pela beleza de teus lábios
A perfeita arquitetura que desenha meu amor
Sim, teu sorriso é pura arte

Expressão

Para  viver o amor em sua máxima expressão
É preciso explicações não desejar
É urgente libertar-se de toda convenção
Aceitar a liberdade e ser capaz de libertar

Para viver o amor em sua máxima expressão
É preciso ser antes de ter
Aprender a ter sem possuir
A dar-se integralmente sem se perder

Para viver o amor em sua máxima expressão
É preciso saber o que mudar
Perceber a luz na escuridão 
E ver antes de olhar

Para viver o amor em sua máxima expressão
É preciso desejar a segurança
E no inseguro viver sem condição
Na solidez das nuvens ter confiança


Pintura: Valeriy Belenikin

20 de janeiro de 2012

Doideiras

Gosto quando, em tua máxima emoção, libertas as palavras 
Elas expressam sem pudor o que teu pensar teima conter
Gosto quando promete-me doideiras 
E delicio-me quando as faz verdade
Gosto quando me dás as sementes da poesia
E me faz gestar nas entranhas o sonho onde as realizo
Gosto quando pegas minha mão 
E me conduz no desenhar das letras
Gosto quando tira os pés do chão
E voas livre e feliz em minha direção

Pintura: Elisabetta Trevisan

Além da superfície

Eu tempero a voz
Porque não mereces palavras insossas
Demoro-me a responder
Pois tens direito ao universo, não apenas amostras
Dou voltas em meus pensamentos
Para certificar-me do que se esconde nas curvas  
E devolvo-te interrogações
Porque nas dúvidas encontramos respostas

Cortina

Abre a cortina do meu ser
Devassa todo meu interior
Joga luz no que não quero ver
Espanta os fantasmas do meu corredor
Ajuda-me às dúvidas esclarecer 
Mas, não me deixa voltar ao passo anterior

18 de janeiro de 2012

Célere

Bagunça minha vida
Desarruma minhas crenças
Leva-me para as nuvens
Embaralhes meu novelo

Aumentes minha febre
Incandesças minha pele
Vire-me do avesso
Chegues logo, venha célere



Viva


Sabes bem que és, para mim, idéia fixa.
E tenho convivido muito bem com ela
Pertences à ordem dos bons pensamentos
Sempre presente em meus intentos
Sempre pairando em minhas emoções
Sempre visitando os meus desejos
Deixando-me sempre encantada
Fazendo-me sempre enlevada
De amor abarrotada


Pedidos

Pede coisas para mim que eu te atendo
Vem para perto de mim que te aconchego
Foge da tua rotina que te surpreendo
Grite baixinho que te socorro
Vive esse intenso amor que me entrego
Vem, deixa o sonho distante que te realizo

17 de janeiro de 2012

Pele

Tira-me as roupas
E vista-te com minha pele
Aquece-te com meu calor
Envolva-me com teu ardor

Veleiro

Vem, imagina-te em meu colo
Aconchega-te sem medo
Se quiseres serei teu porto seguro
Posso, também, ser teu veleiro
Para que em mim navegues em busca da paz
Dou-te o velame para que decidas a direção
Sem pressa espero que sigas teu coração


Intenso

Meu coração pode ser tido como tolo
Mas, há nele uma confiança natural
Como se nada pudesse dar errado
Como se todo o porvir se revelasse em consolo

Meu coração é sempre cheio de esperança
Em Pollyanna inspirado, iluminado
Mas, uma Pollyanna realista e prática
Que da vida, atrevida, aceita a dança

Meu coração é intenso e apaixonado
Não se entrega assim por pouca coisa
Gosta do que é forte, veemente
E à mesmice jamais ficará acostumado


16 de janeiro de 2012

Precioso

O amor que te tenho é ávido 
Ele é cheio de vontades da tua alma
É guloso dos teus saberes
Sedento de teus olhares
E, também, desejoso da tua carne

O amor que te tenho é precioso
Assim como um diamante
Meio bruto, meio lapidado
Como uma pérola que se liberta da concha
E se entrega ao sabor do teu sal

O amor que te tenho é meu
E dele jamais abrirei mão
Pois me enche a vida de cores
E como não teria sentido sem ti
O amor que te tenho é meu e teu


Contramão

Contigo vou além das convenções
Vou na contramão da visão ultrapassada
Limpo minha mente dos antigos padrões
Quebro em mim o que é matéria cristalizada
Para que possa transitar livre e confiante
Certa do que minha alma pede
Entregue ao amor que nos conecta
Não há certo ou errado
Apenas o que é bom e puro
E entre nós é pactuado


15 de janeiro de 2012

Plenitude

A plenitude é fugaz
Percebo-a chegando sutil
São momentos que passam, mas ficam
Tua mão que encontra minha nuca
E em instantes se perde nos fios
Na curva onde enlaço minha língua na tua 
Ao ver teu aberto e genuíno sorriso 
No brilho dos olhares cruzados
E no entrelaçar da minha mente com a tua 
Que emociona, envolve e alegra
Sinto-a quando bebo da tua expansão
E crio mosaico na palma da mão
Sim, a plenitude é fugaz
Mas, também é eterna

13 de janeiro de 2012

Viço

Gosto tanto das palavras
Até das gastas, já andrajosas
Daquelas ditas por muitas bocas
E das que poucos ousam dizer
Gosto daquelas que mesmo rotas
Carregam a força e um raro poder
Há outras que o uso lhes muda o sentido
Cansadas parecem nada expressar
Mas, todas tem sua magia, seu encanto
Pois, se com cuidado procurar
Há de se o viço perdido encontrar
E daí basta tira-las para dançar


Esvoaçar

Se posso sentir-te
Por que haveria de pensar-te?
Se naturalmente compreendo-te
Por que desejaria entender-te?
Se posso enrolar-me em ti
Por que deixaria o fio tenso?
Se posso em tuas pétalas aveludar-me
Por que apertaria os espinhos?
Se posso em tua brisa me refrescar
Por que não com teu furacão esvoaçar?


12 de janeiro de 2012

Tradução

Eu te traduzo e te releio
De ti tudo me interessa
Eu te olho de soslaio
Mas, te vejo por inteiro
Eu carrego minhas lentes
Vários focos para entender
O que é múltiplo em tua vida
Para nela singular ser

11 de janeiro de 2012

Alvo

Às vezes, acerto na mosca
Eficaz vou ao centro do alvo
Minha seta faz voltas e se enrosca
Nas raízes profundas renovo
Minha vida que agora não está fosca
E no brilho ligeiro da alcova
Ilumino de amor minha toca


Confissão

Eu te amo de um jeito esquisito
Nem confesso nem nego o que sinto
É intenso, forte e eterno
De fugaz só a certeza de estar
Sou de tantas e também de ninguém
Sou para ti porque sou só para mim
Sou paisagem, mas bem sei ser claustro
Trancafio-me num mar de emoções
E as liberto quando me falta a razão
Faço promessas que quero cumprir
E no fim cumpro o que não prometi
Te desejo hoje mais do que ontem
Mas, carecendo posso me afastar
Mesmo querendo teu ser abraçar


Sensatez

És para mim inestimável regalo
Que me instiga e me renova
Traz arrepio e suaviza
Atordoamento e calmaria
Vertigem e pés na terra
Avalanche de emoções
Que me preenche a razão

És para mim dádiva inconteste
Daquelas a se reconhecer eternamente
Que me movimenta para a vida
Que me bagunça a existência
Com o calor da questão premente
E mistura confusão e lucidez
Para me provar que o amor não é sensatez


Hoje

Não importa o amanhã
Quero, hoje, com ardor abraçar-te
Olhar-te profundamente 
Com e sem palavras falar-te
Beijar-te, afagar-te
Derramar-me, afogar-me
Quero intensamente amar-te
Perder-me em ti
E em mim encontrar-te
Não importa o amanhã
Desde desse hoje tu faças parte


10 de janeiro de 2012

Sintonia

Há músicas diversas em ti
Algumas tocam baixinho
E me acalentam a alma
Outras em alto volume
Despertam-me os sentidos
Há aquelas que gostas de ouvir a sós
Mas, de longe percebo tuas notas
E vejo teu bailar introspecto
Gosto das que te colam ao meu rosto
E também das que danças só ao meu lado
Atiro-me quando me tiras para dançar
E nas horas que convidas-me para te olhar
Enquanto giras no teu caminhar
Pois, em tua sintonia sempre estarei a vagar


9 de janeiro de 2012

Roubo

Corro o risco de no futuro considerar-me ridícula
Mas, esse agora é feito de paixão pura, de amor imenso
Que envolve-me toda, desde a menor partícula
E sem pudores do além mar roubo o puro verso
Faço de nossa história bela fábula
Pois devo estar enfeitiçada do teu perfume, incenso
E falo-te na palavra falsa da fantasia 
Roubo-te na última volta da maratona
Convido-te a dançar a primeira valsa de todas as estações
Sobre as águas nunca deixarei de sonhar-te
E mesmo que pareca enlouquecida 
Ser para ti, eternamente, princípio e fim



7 de janeiro de 2012

Mítica


Observo-te do outro lado do lago
Sou Eco perdida de amor
És Narciso além da superfície
Tenho a exata visão do que não me mostras
Meu olhar chega-te ao âmago
Sabes que claramente te vejo
Muito além dos reflexos turvos
Ainda aquém do que lhe é mais profundo
Mas, vejo-te na multiplicidade
Sem  medos ou alardes
Ali permaneço
Pois, te reconheço

Pintura: John Waterhouse
http://pt.wikipedia.org/wiki/John_William_Waterhouse

Minerva

Eu te amo sem reservas 
Para os medos peço trégua 
Prescindo do zelo que conservas 
Desejo apenas a simples entrega 
Não careço da sabedoria de minervas 
É meu sentir que nossa flor rega

6 de janeiro de 2012

Abraço

Devagar deito a cabeça em teu colo
Sinto tua mão direita acariciando meu rosto
Percebo a esquerda ainda sem saber o que fazer
Inclino-me um tanto para olhar-te
Encontro teus olhos ora calmantes
Dos meus desce a pequena gota
Que conta calada o quanto te amo




Desejos e medos

Por tuas trilhas me perco
Caminho sem olhar para trás
Apenas te estendo a mão 
Acolho teus desejos e medos
Para que não temas perder a cabeça
Marco o caminho com lágrimas doces
Espero que diligente me sigas
Para que enquanto é tempo me encontres em mim

Descoberta

Quando deixas tua porta entreaberta
Entro na antessala do teu pensamento 
Entre sorrateira e paciente ali fico alerta
Quieta, cuido para não errar no julgamento
E a tudo que de ti vem permaneço aberta
Mesmo frente ao teu errático comportamento
Fico sempre a espera de nova descoberta
Que aos poucos me alimenta o sentimento


5 de janeiro de 2012

Traição

Daquilo que não sei faço procura
Nas esquinas da vida encontro mistério
Enigmas vários que exigem bravura
Faz das perguntas todo meu império
Da fé e da dúvida cria a mistura
Que faz com que eu me leve a sério
Esqueça que tudo pode ser só loucura
Vou trair a razão e com a emoção cometer adultério


4 de janeiro de 2012

Transbordo

Permitirei que algo de mim transborde
Que saia sem freio e por toda parte se espalhe
Esparramado, extravasado e incontido
Todo o sentimento se evapore
Carregue os céus de nuvens dispersas
Daquelas que ainda mostram o azul
E quando despencam molham os mortais
E com 7 cores enfeitam teus olhos

Incurável

Sou uma romântica incurável
Parece mesmo crônica doença
Às recaídas sou permeável
Chego a ficar febril sem tua presença
Mas, doses de teu amor me deixam saudável
Devo assim ser de nascença
Algo em mim sempre notável
Uma aversão congênita à indiferença
Fazendo a entrega sempre ser irrecusável

Significado

Há dias em que para me entender
É preciso deixar a razão de lado
Fazer um esforço para esvaecer
Abandonar o senso afiado
Para da confusão me esconder
Num flash conhecer o significado
Os pensamentos tortos emudecer
Libertar o que deixei amarrado
Num breve instante a alma livre perceber


2 de janeiro de 2012

Virginal

Quero lavar a alma embaixo do teu temporal
Seguir-te diligente mesmo na forte correnteza
Deixar varrer as folhas secas pelo teu vendaval
Descobrir os teus caminhos sem de nada ter certeza
Contar cada segundo da espera habitual
Para viver entre teus braços a delicadeza
E mostrar-me toda nua, quase virginal

1 de janeiro de 2012

Cacos


Num átimo de insensatez
Faço em pedaços meu espelho
Quero encontrar em algum caco
A expressão da placidez

Quando procuro nitidez
Toda parte desse todo
Se revela por inteiro
Chamando minha lucidez

Querem de mim a rapidez
Para entender o que me mostram
Nesse mosaico esparramado
Cheios de sim, de não, talvez