26 de junho de 2012
25 de junho de 2012
Tirania
O que levo dentro de mim é amor
Coisa forte que na vida me guia
Alimenta o meu querer sonhador
Que se divide entre dor e alegria
E sem esforço se faz meu senhor
E inteira me entrego a tua tirania
20 de junho de 2012
Colorir
Sou um múltiplo ser
Multidão me habita, faz de mim moradia
Abrigo algazarras, alegrias e festas
Mas, há estúrdia, bagunça e anarquia
Uma mistura confusa que amiúde me abarca
Sou um ser em eterna procura
Enleio olhar de águia à miopia
Tenho clareza do que me confunde
Mas, não desisto de a nitidez encontrar
E transformar o indistinto em poesia
Sou um ser agridoce
Transparente que sou revelo o sentir
Se dou cuidado às palavras
Os gestos dizem o que o verbo esconde
Na vã tentativa de ocultar o meu vórtice
E assim ando em meus dias
Investigo em mim todas as tonalidades
Desde o cinza profundo
Ao encantado arco-iris
Hei de um dia colorir o teu mundo
18 de junho de 2012
(In)Sensatez
Há dias em que tudo se distancia
As certezas frágeis vão passear
A tranquilidade deixa-se recolher
O que acalenta vai-se em exílio.
Há dias em que tudo se aproxima
O saber do que não se sabe vem
O acalmar das dúvidas traz ligeira paz
E o que foi banido é perdoado
Há dias que em tudo se revela assim
Parece loucura mas é sensatez
É só parte da vida, desse querer imenso
Que carrego sempre dentro de mim
Pecado
Eu não quero que tu peques
Mas, não posso deixar de contar
Meu desejo nada secreto
De que sempre tenhas gula
De matar nosso apetite
E a paixão alimentar!
17 de junho de 2012
Três letrinhas
Tú és bem ritmada
Invades meus meses
Divides meus dias
Entre a flor e a espada
Às vezes, chegas de mansinho
Vai ocupando os espaços
Quando percebo já está instalada
N'outras se apresentas de chofre
Sem perguntar se dou-te concessão
Bagunças minha ordem com tua forte rajada
Se vens discreta ou estrondosa
Vai dominando corpo e alma
E se não me atento a tua cilada
Vou do rugido de leoa
Ao inexplicável pranto
Mesmo que queria dar risada
Do teu tempo sou refém
Tu varias meus humores
Deixando-me até de mim cansada
Fogaréu
Domingo coberto com véu
Há uma renda estentida no ar
Marcando o fim de outono ela veste o céu
Ocultando o sol que hesita se desnudar
E dentro do cinza sinto-me como fogaréu
Ardendo inquieta no meu incessante buscar
Parte de mim querendo respostas, fazendo escarcéu
E outra em silêncio tentando a mente acalmar
16 de junho de 2012
Facetas
Eu não nasci com manual
Índice não possuo
E dispenso marca-paginas
Assim como qualquer glossário!
Se quiseres me conhecer
Entender como funciono
É no caminho da descoberta
Que terás que por teus passos
É na estreita convivência
Que apresento-te os riscos
E desvendo-te os prazeres
É no correr dos dias largos
Que saberás o que me move
E, também, o que me encolhe
É no cotidiano que elucido meus dilemas
E os embaralho novamente
Para que sempre te interesses
Em deslindar minhas facetas
Pintura: Vladimir Kush |
15 de junho de 2012
Temperos
O olhar que denuncia tua fome
Planta um sorriso em meus lábios
Então minha alma feliz se entrega
Põe-se a serviço de saciar-te
Sirvo-te, então, lauto banquete
Preparado com meus temperos secretos
Com doses exatas de sal e pimenta
Que a teus sabores devagar eu misturo
Para cozer o alimento que nos sustenta a alma
Pintura: Vladimir Kush |
13 de junho de 2012
Declaração
Eu te amo!
Assim aos gritos declaro!
És a imagem que inaugura meus dias
E me acompanha nas ondas das horas
És a ternura que amaina minha inquietação
E me amolece toda de pura paixão
És a vida que preenche meus sonhos
E o sonho que vivo quando acordo
És o furação que varre meus dissabores
E que também sacode meus dias insossos
És a dúvida que determina meu caminho
E a certeza que absorve a minha indecisão
És a substância que preenche meu vão
E o ácido que o cria outra vez
És o que preciso para viver
Amor, furacão, ternura e aluvião
Dá-me, então, nacos de ti
Pedaços de paz e desassossego
Olhares vulcânicos
Quentes
Teus
12 de junho de 2012
Sussurrado
O que de mim a ti já foi revelado?
Quais as palavras, vozes, sinais
Quais as nuances, luzes e sombras
Reconheces em meu discurso fragmentado?
O que de ti já foi a mim mostrado?
Quais são teus gestos, acenos, meneios
Quais são os vestígios, pistas e trilhas
Que me levam a teu tesouro guardado?
O que de nós já foi desvelado?
Que poemas falados ou musicados
Que olhares, flertes e toques roubados
Gritam aos quatros cantos o nosso amor sussurrado?
Quais as palavras, vozes, sinais
Quais as nuances, luzes e sombras
Reconheces em meu discurso fragmentado?
O que de ti já foi a mim mostrado?
Quais são teus gestos, acenos, meneios
Quais são os vestígios, pistas e trilhas
Que me levam a teu tesouro guardado?
O que de nós já foi desvelado?
Que poemas falados ou musicados
Que olhares, flertes e toques roubados
Gritam aos quatros cantos o nosso amor sussurrado?
9 de junho de 2012
Descobertas
Das ruinas do que fui
Guardo os pilares do que sou
Para erguer nas incertezas
O que amanhã virei a ser
E nessa nova construção
Quero portas e janelas abertas
E do telhado abrir mão
Para me guiar no céu das descobertas
E do que me limita viver a libertação
6 de junho de 2012
Primazia
Arrenda-me teu profundo olhar
Quero enxergar-me por outros ângulos
Ver o que tu vês quando te pousas em mim
Conhecer as cores formadas quanto estás a me fitar
Empresta-me tua visão
Por alguns instantes, deixa-me contemplar
Esse complexo ser que me habita
Que sem medida mistura o que não sabe à razão
Conceda-me, enfim, tua fantasia
Esse jeito único e gentil de me enxergares
Que mistura sentidos e pensares
Reconhece a sombra, mas à luz dá primazia
5 de junho de 2012
Teu jardim
Vejo-te cuidando do jardim, teu jardim
Lá onde as cores florescem misturadas
Observo teu corpo inclinado sobre o verde
E tuas mãos decidindo a poda
Reconhecendo os espinhos que te marcam
E a seda pétala que te afaga a alma
Separando o daninho da memória
Resgatando o perdido na história
Assim, vai cultivando tua vida
Adubando a terra que te dá a base
Semeando os campos de teus sonhos lindos
4 de junho de 2012
Mar
Ah! Meu mar, oxalá eu sempre saiba viver em ti!
Que eu aprenda a surfar em tuas ondas
E íntegra emergir dos caldos que me dás
Que tenha a coragem de entre tuas rochas nadar
Sem temer tuas espumas que, às vezes, querem me afogar
Ou as ressacas que mistura teu sal às minhas areias confusas
Mas, tu também sabes ser espelho
E mostras claramente como me vês
Presenteia-me com o reflexo do que em mim habita
E generoso ancora minhas dores
Quando sobre ti sopram brandos ventos
Tuas águas se acalmam e me recebem continente
Nesses caros momentos em que me envolves
Sou capaz de em tuas profundezas respirar
E íntegra emergir dos caldos que me dás
Que tenha a coragem de entre tuas rochas nadar
Sem temer tuas espumas que, às vezes, querem me afogar
Ou as ressacas que mistura teu sal às minhas areias confusas
Mas, tu também sabes ser espelho
E mostras claramente como me vês
Presenteia-me com o reflexo do que em mim habita
E generoso ancora minhas dores
Quando sobre ti sopram brandos ventos
Tuas águas se acalmam e me recebem continente
Nesses caros momentos em que me envolves
Sou capaz de em tuas profundezas respirar
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