Pacto Poético
26 de junho de 2011
Abrançando o vento
Quero sentir tua música ecoar
Ver-te fitando o verde
Abrançando o vento
Curtindo o ar frio da serra
Deixando os pés nus sobre a terra
Fortalecendo tuas asas livres
Para que nunca deixes de voar para mim
Sem fim
Nada há para explicar
Não tem conversa alguma
Nem satisfação a dar
Amo-te assim de graça
Sem nada a justificar
De um jeito que enlaça
Que nunca vai acabar
25 de junho de 2011
Ancestral
Contigo em minha vida dispo a armadura
De peito aberto sinto-me imortal
Lanço-me sem medos nessa aventura
Deixo vibrar em meu ventre a força seminal
Nutro a vida que surge com brandura
Sigo a direção de teu ponto cardeal
E mesmo que tudo pareça loucura
Pouse na segurança do nosso amor ancestral
19 de junho de 2011
Cores
Quero ver as cores do teu mundo
Quaisquer que sejam seus tons
E feito criança brincar com todas
Pintar com as mãos as cenas da vida
Misturar paletas diversas
Reinventar o que meu olho vê
E contigo recriar nossas telas
18 de junho de 2011
Arqueira
Sim sou, sou guerreira
Entro na floresta densa do meu ser
Visto minha reluzente fantasia de arqueira
Procuro o alvo do meu entender
Vou abrindo as picadas à minha maneira
Olho para alto para a tua luz entrever
Pois nessa jornada de teu amor sou herdeira
Irreversível
Irreversível
Assim sou na tua vida
Irresistível
Assim és na minha
Invencível
Assim é o amor que por ti sinto
Imprescindível
Assim é teu olhar sobre mim
Indefinível
Assim é a saudade que me abarca
Compreensível
Assim é meu ser com tudo que vem de ti
Indivisível
Assim é meu jeito único de te amar
Perceptível
Assim é a paixão que por mim sentes
Impossível
É a vida existir sem nós
16 de junho de 2011
Alma Acordada
Acordaste minha alma que teimava divagar
Ainda atônita caminho em circular
Junto os cacos que se deram a esparramar
Tantas as cores que fazem meu peito alargar
Imagem que se forma lentamente num eterno respirar
Vou, assim, te conhecendo devagar
Pedaços de histórias aos poucos a encaixar
Pintura: Salvador Dali
Bandeira
Amiúde teu sorriso me arrebata
Teus olhares fugidios me fazem meditar
Tua voz sussurro me gira feito acrobata
Tuas regras doidas me permito aceitar
Resta a mim sair só em passeata
Dar bandeira sem receio de errar
Resgatar uma loucura, um ato pirata
Segurar tua mão e deixar meu calor inspirar
Aquecer-te por inteiro em tua casa na mata
15 de junho de 2011
Déspota
Meu coração é um tirano
Despótico, manda que eu de ti fique perto
Misturo, então, o sagrado e o profano
Vou de encontro a ti de peito aberto
Confio no meu amor soberano
Luto para encontrar o ponto certo
Pois, não há tempo para engano
Vou andar até pelo deserto
Mergulhar para sempre em teu oceano
Viver em ti o amor liberto
14 de junho de 2011
Fenda
Com nossas mãos sobrepostas
fechamos a fenda da solidão
de peito aberto e recompostas
libertamos os sonhos em aluvião
assistimos as águas lavando as encostas
marchamos livres empunhando o pendão
o grito vestido de sussurro dá respostas
finalmente, encontramos a chave da prisão
Ipê em Flor
Quero contigo aninhar-me
Deitar à sombra de um ipê em flor
Aquecer no sol do fim de outono
Perder-me em teu olhar encantador
Pousar a cabeça em teu ombro
Nunca a nós permitir abandono
Parar o tempo, o ar, o vento
Permitir ao amor de nós ser dono
13 de junho de 2011
Inteira
A lua arredonda-se ansiosamente
Espera o dia certo para colocar-se inteira
Pela orla dos dias e noites infla lentamente
Desenha no céu poesia para ler na soleira
Visita o horizonte que se curva docemente
Solene o sol empresta a luz derradeira
E eu acompanho as horas reverente
E tu, aqui dentro de mim, incha inteira
5 de junho de 2011
Clareira
Segues meus passos em letras
Furtivamente expia-me na saudade
Silêncio gelado em que entras
Nas entranhas buscas a verdade
Na montanha russa das horas e dias
Falta-te o ar em alguns momentos
Agarra-te firme às nostalgias
Confunde-te a cerca dos sentimentos
Procuras clareira na floresta
Local seguro para acalmar
Olha ao redor em busca de fresta
Para o sol da tua vida poder enxergar
3 de junho de 2011
Reflexo do tempo
O reflexo do tempo ofusca meus olhos
Enxergo o possível na vida que passa
Na linha dos anos destranco ferrolhos
Portas abertas chamando devassa
Vasculha meu hoje enquanto não é ontem
e que no caro amanhã encontres beleza
no correr dos dias procures-me virgem
e aceitas-me inteira na pobre nobreza
1 de junho de 2011
Borboleta
No casulo fez-se vida
No escuro teceu luz
Do inverno fez calor
Do abandono, companhia
Do medo, a esperança
Bate as asas coloridas
Sobrevive tenazmente
Para do fim fazer começo
Fonte
Com as mãos em concha curvo-me à beira da fonte
Bebo às goladas a água pura que desce do monte
Depois da curva do rio procuro meu horizonte
Tu és nesta vida o que se faz corrente
Ora és gota, pingo...Ora és torrente
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