22 de março de 2011

Pausa

Sinto como se o mundo tivesse parado
Aquietado por um breve e eterno instante
A cidade emudece solenemente
O vozerio indistinto faz-se calar
Portas não batem mais
O brinde fica suspenso no ar
Silenciam os uivos distantes dos cães
E telefones cessam de tocar
O vento sopra mudo e suave
O ator interrompe a cena
O locutor, reverente, fecha o microfone
O pintor finaliza o branco traço
E no instante preciso entre uma nota e outra
Pássaros planam silênciosos
Percebo então só meu respirar
que permite-me o imenso prazer
de teu coração descompassado escutar


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