Admiro tua rede enquanto em mim te teces
Observo-te trespassando invisíveis linhas
Trançando fios de infinitas cores
Unindo pontas, criando pontos
Ajustando a trilha para meus passos tortos
Apresentando gentes, lugares, ares
Encontros tantos que inteira me fazem
Sim, eu sei, sou intensa
Tenho alma amotinada
Sou agitação, espalhafato
Assim sou dentro e fora
Sou, também, suave brisa que abraça
Turbulência que vem e que passa
Vai e vem constante de arrefecimento e quentura
Busco o eixo para de novo desequilibrar-me
E no desequilíbrio mais de mim buscar
Feito barco sinto a quilha do meu ser
A essência, a espinha dorsal do Eu
O que me sustenta no navegar da vida
E que me guia nas profundas águas d´alma
Que suportam minhas infladas velas
Cheias do vento intenso das flutuantes emoções
No bastidor do reencontro
Com a linha do encanto
Delicadas agulhas do amor
Vou me alinhavando a ti
Unindo os pontos
Para, sem pressa, bordar nossos sonhos
Lá em cima, no alto da montanha o sol se despede
Ele vai lento, como quem não quer ir embora
Mas, sabe que precisa ir ter com as gentes do norte
Então, pede à lua para iluminar essas ruas
Que estarão à espera do caloroso reencontro
E sempre prontas a acolher nossos passos