29 de julho de 2011

Sabores

Provaste de todos os meus sabores
Da doçura se lambuzou
Do salgado dosou
Do picante fantasiou
Da acidez estranhou
Do amargo não gostou
Degustaste todos eles
Separados, misturados
Ora, sorveste de mansinho
N´outras com fome abocanhaste
Meu melhor e meu pior teu paladar absorveu
Deixo um gosto de certeza em tua boca
Sabes bem que na vida sou de tudo
Só não me permito ser insípida

 

28 de julho de 2011

Águas rasas

Despi-me de minhas asas
Quero aprender a voar sem elas
Só depender de mim para pisar em brasas
Pintar a liberdade em diversas telas
Deixar partes de mim em todas as tuas casas
Abrir o peito ao vento para inflar minhas velas
Apagar de vez o rastro nas águas rasas



27 de julho de 2011

Palavras dançantes

Dentro de mim as palavras bailam
Sinto-as como num suave agitar de sedas
Movimentam-se soltas a se expressar
No tempo infinito tudo podem mostrar
Querem ao mundo sobre o amor falar
Uma história sem dores elas podem contar
Assim, as lanço à vida sem censurar

25 de julho de 2011

Dia fora do tempo

No dia fora do tempo
Flagro minha alma fora de mim
Ela vaga a procura do vento
Aquele que sopra feito clarim
Anunciando que um dia trará alento
E na espera silente desiste do fim

24 de julho de 2011

Jardim

Algo percorre minha alma quando chegas assim
Quando, sem prévio aviso, invades meus dias
E sem cerimônia aconchega-te em mim
Algo envolve meu ser quando me acaricias
Quando plantas esperança em nosso jardim
E no ocaso se deixa levar às primícias

Trajetória

Na trajetória riscada no horizonte
Passos lentos que dou para alcançar minha alma
Busco incansável a força da minha livre expressão
Estudo as palavras inquietas e latentes
Procuro entre milhares alguma que em flor
Carregue o pleno significado do que é o amor



23 de julho de 2011

Degusto

Baixo os olhos úmidos
Vejo-te por dentro de mim
Ouço a ingênua música
Notas breves soltas no ar
Voz suave que me faz relembrar
Dias claros que vi em teu olhar
Entra mim melodia para me ninar
Em sonho colho a doce maçã do teu pomar 
Degusto, então, o sabor do pecado ao te tocar




Regozijo

Do caminho só tenho uma parte
Com coragem sempre sigo adiante
Acredito no sonho ainda distante
Viva em mim o que para ti é possível
Aproxima-me do teu regozijo
Que te acolho feliz em meu colo
 E na terça de nosso intervalo
Rege a música com teu doce embalo
Guia a mão para meu rosto em regalo



22 de julho de 2011

Agreste

Compreende minha alma agreste
Aspereza que protege o que é frágil
Que procura a calma celeste
E em ti se traduz em adágio

Desperta em mim toda a arte
Beleza que se mostra em letras
Para fazer da palavra estandarte
Criar sem medo nossas próprias regras

 

Despetala-me

Despetala-me, mas deixa-me inteira
Recorta-me para ver outros ângulos
 Queima os segredos em tua lareira
Procure a essência em meio aos escombros
Descubra quem sou de toda maneira
Da dúvida limpa quaisquer vestigios
 Entalha essa imagem que fica em madeira
Eterniza o amor em todos desígnios

21 de julho de 2011

Ser-me

Acordo e meu pensamento voa até ti
Perdida fico por estar aqui, estar ali
Divido-me entre ter-te e ser-me


20 de julho de 2011

Outrora

Amo-te além desta existência
Amo-te desde outrora
Amo-te pelo que és em essência
Desde quando voavas solene
E eu, imponente, do solo assistia
Amo-te desde antes do exilio
Embora não tenha disto clara memória
Amo-te hoje pelo que fomos ontem
Amo-te agora pelo que seremos na aurora
E hoje, nessa carne que reveste minha alma
Amo-te com calor, ternura e urgência

19 de julho de 2011

Particular

Faço parte de teu mundo particular
Aquele que se esconde na bruma do segredo
Que se perde entre dilemas e te faz calcular
Que sabe muito bem que nada disso é brinquedo
Que me faz sempre o reencontro postular
Que faz a saudade nos deixar em degredo
Que alimenta a fome dessa paixão singular 
Para no correr das horas fantasiar o enredo
Apressando o tempo para o toque não mais tardar
E em paz viver o amor sem pensar em arremedo

Cultivo

Cultivo o amor com maõs de artista
No compasso da espera busco o essencial
Combato com flores o que me soa sofista
Inocente aposto no sentir virginal
Confiante eu sigo no poder da conquista
Deixarei os pesares partirem em vendaval

Pintura: Djanira

Dramático

Vejo meus olhos no espelho e estranho
Perdidos revelam meu lado dramático
Parados refletem algo tacanho
Caminho nas entrelinhas com passo errático
Conduzo as palavras como num perdido rebanho
Sigo adiante com o que há em mim de prático
Afinal, a vida carece de eterno amanho

Nociva

Na madrugada nociva me perdi
Sonhos vagos trouxeram lembranças de ti
Deitada me pus a andar
Andando pedi para deitar
Corri para fugir do pesar
Nas nuvens me vi naufragar
Escondida fiquei a espreitar
Procurando em que me agarrar
Para minha alma poder se salvar

18 de julho de 2011

Palavras grávidas

Minhas palavras estão grávidas
Querem falar sobre o vir a ser
Por saber o futuro ficam ávidas
Vivem num desejo imenso de esclarecer
Esperando pacientes por dádivas
Para felizes parirem no adormecer



Frio

Faz frio em minha alma
Agasalha-me com a tua
Cubra-me com teus afagos
Proteja-me com tua cumplicidade
Aqueça-me com tua sussurrante voz
Acolha-me em tua vida

17 de julho de 2011

Vida simples

Contigo quero vida simples
Aroma de café nas nossas manhãs
Cuidar das flores do jardim
Ver a roupa secar ao vento
Sovar o pão de nossos dias
Acompanhar o sol partindo
Deixar-nos banhar com a luz da lua
Aconchegar-te em meu peito quente
Deliciar-me com teu gosto único



Hoje

Seja hoje o grande amor de minha vida
Amanhã ou depois pode ser tarde
Agora é tempo de viver a paz prometida
Invade-me devagar e sem alarde
Encontre minha alma que parecia perdida
Abandone a distância covarde
Para que entre nós nunca haja despedida

Alegre

Quero fazer-te alegre
Caminhar a beira mar
Ver-te em sonho voar
Servir-te meu manjar
Teus sonhos alimentar
Em minha tela teu sorriso pintar
Criar teu manto em meu tear
Ir contigo a qualquer lugar
só para ver feliz teu olhar brilhar



Ondas

Amar-te é viver em ondas
nos mares da emoção mergulho
em tua marola flutuo
na tua ressaca recolho
nas tuas espumas me deixo
em teu tsunami me afogo
na praia deserta desaguo
no alto das dunas te espero



12 de julho de 2011

Escombros

Vasculho os escombros de minha alma
Hei de encontrar um fio de razão
Algo que me escore a calma
E, com sorte, amplie minha a visão

Disperso

Dou-te minha mão anelada
Beijas suavemente em frente e verso
Sorrio inebriada numa timidez disfarçada
O coração acelera e em ti me disperso

Incêndio

Fazes arder em mim um fogo intenso
Daqueles de ebulir as entranhas
És a ventania que alastra as chamas
Incendeias o desejo e me deixas em brasa
Entrega-te às minhas quentes faiscas
Sim, meu amor, queimes teus medos todos
Devora-me, consuma-me
Sou tua
Só tua

11 de julho de 2011

Padoroxo

Paradoxo sou
Ora dou um basta às convenções
Ora prendo-me a elas
Ora transgrido as tradições
Ora deixo que sejam minha cela
Ora perco-me em traições
Ora tranco-me feito donzela
E assim sigo em teu destino
Céu e terra
Ternura e desejo
Longe e perto
Liberdade e apego

Passeio

Hoje vou esquecer o mundo
Vou levar-te a um passeio
Adentrar contigo nas nuvens
Carregar-te em minhas asas
Mostrar-te a vida do alto
Para renascermos em nossa luz

10 de julho de 2011

Inclinada

Inclino a cabeça
Esboço um sorriso
Dou-te o brilho de meus olhos
Entrego meus lábios semiabertos
Peço o calor de tuas mãos
Enrosco meu corpo no teu
Derreto na paz do teu amor


Wilde

Liberte-se dos medos
Conte-me todos os segredos
Deixe-me aguçar seus sentidos
Resista bravamente a tudo
Renda-se apenas à tentação
Viva comigo os incontidos desejos
Perca-se em mim para enfim se encontrar



Chama

Apenas diga que me ama
Atravesse o deserto de mãos dadas a mim
Una cores e fios para tecer nossa trama
Passeie comigo em nosso jardim
Ignore o vento e mantenha acesa a chama
Desafie o tempo para viver nosso amor sem fim



9 de julho de 2011

Títere

Do amor sou títere
Linhas tenues conduzem meus gestos
Permito a emoção definir meu passos
Deixo o coração desenhar meus laços
Paciente vou me conhecendo aos pedaços
E sigo adiante superando cansaços




Salto

Apoio a escada nas nuvens
Quero subir degrau a degrau
Chegar no ponto mais alto
Ver a vida por outro ângulo
E com coragem dar o salto

8 de julho de 2011

Surpresa

Apareça de surpresa
Venha sem avisar
Solte as águas da represa
Inunda-me de bem estar



Enriquecer

Quando longe estás a cor da vida esmaece
Quando ficas distante a fogueira fica fria
Quando tua voz se perde a música emudece
Quando teu barco não chega é dura a travessia
Quando não vejo teu sorrisso o meu se entristece
Quando não te tenho perto meu peito entra em agonia
Mas, quando lembro que me amas a alma enriquece

Calada

Falo contigo com meus olhos
Esclareço tudo em minha pele
Tiro as dúvidas com as mãos
Calo-me feliz com teu beijo

7 de julho de 2011

Lentamente

Presenteia-me com tua voz
Fale, assim, no pé do ouvido
Diga aquilo que acende minha fantasia
Afague minha alma com teu toque
Resvale tua mão no rubor da minha face
Acolha-me em teu colo quente
Deixe meu mundo colorir lentamente



Anjo

Abraça-me sob a lua
Sinta o calor do meu corpo
que clama por tua pele macia
Proteja-me nesta noite escura
Reconheça na cor dos meus sonhos
todo o amor que a ti pertence

Pintura: Marc Chagall

Desmoronar

Palavras que chegam junto com o dia
Desmoronam em mim todas as resistências
Fazem meus medos corar de vergonha
e acanhados baterem em retirada

Dona

De ti sou dona
Mas, não trata-se de posse
Como já se disse do outro lado do mar
Gostar é a melhor forma de ter



3 de julho de 2011

Ciranda

As ruas não são minhas
Nem as quero para mim
O caminho eu que faço
Marcando a trilha a seguir
Então, ladrilho teu passeio
assento palavras, gestos, flores
margeio com aromas, cores, sabores
E tu, caminhas solene e alerta
E eu, permaneço a ti, aberta.

Nuvens

Aprendi andar nas nuvens
Ensinaste-me a flutuar sem ter bases
Sustento-me em palavras soltas
Volito na visão de teu riso
Mergulho no olhar que te entrega


Tempestade

Chove em mim meu amor
Molha-me toda com tuas palavras
Encharca-me com teu olhar de saudade
Umideça a aridez dos dias sem ti
Orvalha-me na madrugada tardia
Embriaga-me com tua presença



À porta

Vejo-te à porta
Esperas meu abraço
Que dou primeiro com os olhos
Demoro-me a dar o passo
Pudesse eu congelaria o momento
Para ter-te sempre a minha frente
E nunca mais afastar-me de ti
 
 

Código

Leio teu mapa celeste
Tento decifrar o código
Entender tua alma agreste
Resgatar o amor pródigo
Para contigo ter uma vida inconteste
Navegar livremente no nosso mar místico